8 de junho de 2012

Sinceridade = Credibilidade


Quem me conhece sabe que sou uma pessoa de opiniões fortes, radicais e extremas. São raras as ocasiões em que não tenho um comentário a fazer ou prefiro não me envolver. Deixar uma opinião implícita é um grande desafio pra mim, sutileza nunca foi meu forte, mas tenho tentado amenizar essa minha “agressividade”, principalmente quando o assunto abordado é polêmico, delicado... Naquela regrinha básica dos três itens que devem ser evitados (política, futebol e religião), tenho me saído bem em dois.
Discussões sobre política geralmente se iniciam por diferenças entre partidos, antes de perceber que dizer que não voto pelo partido e sim pelas propostas do candidato (o que é verdade) e sugerir que as pessoas fizessem o mesmo encerrava a discussão, passei muito nervoso e dias de cara amarrada (das pessoas que não concordavam comigo, claro), totalmente desnecessários, brigar por política é perda de tempo. Foi libertador descobrir que meu papel como eleitora é apenas acompanhar as propagandas eleitorais (sim, eu assisto), escolher o candidato com as melhores propostas, independente do partido e, caso eleito, esperar que ela cumpra com as promessas.
 Quando o assunto é futebol, apesar de envolver uma paixão difícil de ser controlada, a conversa tem fluído naturalmente até surgir a manjada piadinha “mas o Corinthians não tem Libertadores” e acabar com o assunto. Total perda de tempo discutir sobre isso também. Que o Corinthians não tem Libertadores todo mundo já sabe e é fato que queremos ter esse título, mas se não ganharmos nosso amor pelo clube não diminuirá, não deixaremos de prestigiar nosso time nos outros campeonatos e continuaremos sendo torcedores fiéis, corintiano vive de Corinthians, ao contrário de qualquer outra torcida. Deixei de me estressar também quando algum engraçadinho solta “E esse “PALMEIRAS” aí no seu tornozelo...” Caso não saiba, tenho o primeiro símbolo do Corinthians (CP) tatuado no tornozelo, que as pessoas têm o péssimo hábito de associar com o P do Palmeiras o que me irritava profundamente no início, mas hoje não surte efeito nenhum.
 Porque estou dizendo tudo isso? Para chegar no terceiro item, religião, que até então não tinha conseguido nenhuma evolução em amenizar a minha opinião. Entre a infância e a adolescência, tive uma “iniciação” na igreja católica, fiz catecismo, crisma, freqüentava missas, no início por vontade própria e depois por imposição da minha mãe, até que me tornei livre para fazer minhas próprias escolhas e só voltei à igrejas em casamentos e batizados. Acredito na força divina, em Jesus Cristo, em santos, mas não acho que freqüentar a igreja vá me livrar de meus pecados e não concordo com os métodos pregados por padres e pastores para atrair fiéis.
 Religiões como espiritismo e budismo me chamaram a atenção por terem explicações mais convincentes sobre a nossa existência, já a igreja evangélica sempre teve a minha contrariedade, não por preconceito, respeito as crenças de cada um, mas pelas pregações, imposições, regras (muitas delas sem sentido pra mim) e constantes citações ao demônio. No entanto, a entrevista do pastor Silas Malafaia nas páginas amarelas da Veja desta semana mudou alguns dos meus conceitos sobre essa religião, não a ponto de me fazer querer frenquentar os cultos, claro, mas foi suficiente para me fazer perceber que me equivoquei diversas vezes.
Confesso que não tinha inhtenção nenhuma de ler a entrevista, só paro nas páginas amarelas quando o entrevistado é de meu interesse, então continei folheando a revista, li umas das últimas matérias, fui voltando para o início, tentei ler a matéria de capa, mas começou a me dar sono e parei, depois continuei folheando, mais por falta do que fazer do que por vontade de ler e acabei deixando a revista aberta justo na página com a foto de Silas ao lado a frase "Não pensem que Deus vai ficar cuidando das pessoas como se elas fossem bebês. Desço a mamona nesse tipo de conversa", epa, peraí, com que frequência se vê um pastor utilizando um termo assim? E assim surgiu a curiosidade de saber onde terminaria essa entrevista.
Fui surpreendida! Gostei muito da entrevista, não concordo com muita coisa que a igreja prega, como "ensinar ao fiel que, quando ele está trabalhando, deve servir ao patrão como se estivesse servindo ao próprio Deus" mas admirei a sinceridade e transparência do pastor diante das perguntas.
Questionado sobre o salário dos pastores, Silas não hesitou em dizer que varia de 4 a 22 mil reais (será que consigo virar pastora?) dependendo da função e do tempo que cada um dedica à igreja. Além disso, expôs também o valor arrecadado pela igreja no ano passado, 20 milhões de reais. Mais da metade ofertado por meio de cartão de crédito. "Não vejo nenhum problema nisso. Comprar bebida com cartão pode. Ir para o motel trair a mulher e pagar com o cartão pode. Dar dinheiro à igreja usando o cartão não pode?" É, não podemos tirar a razão dele nessa questão.
Veja pergunta: O senhor ficou rico? 
Silas: "Tenho uma boa casa no Recreio dos Bandeirantes, em um condomínio. Hoje deve valer uns 2,5 milhões de reais, acho que paguei uns 600 000. Tenho alguns apartamentos e uma casa em Boca Raton, na Flórida, que comprei para pagar em trinta anos. Meu filho estudou nos Estados Unidos. No ano passado, ganhei de presente de aniversário de um parceiro um carro Mercedes-Benz blindado. Em 2010 comprei um jato Gulfstream fabricado em 1986 e paguei por ele 3 milhões de dólares...".
A última pergunta foi: O senhor fez imlante de cabelo?
"Custou 20 000 reais. Ficou muito bom".
Acho que essa sinceridade era o que faltava para que eu começasse a enxergar a igreja com outros olhos. Que eles ganham muito dinheiro todo mundo sabe, mas é inadmissível que tentem esconder esse fato. Precisava mesmo que alguém expusesse a situação, porém, enquanto estou satisfeita com o que li, acredito que muita gente deva ter questionado a postura do pastor e pelo que pude perceber, ele não se importa nem um pouco com isso.
Caso tenha oportunidade, dê uma conferida na entrevista também, vale a pena ; )

Fonte: Revista Veja- edição 2272 - ano 45

2 comentários:

  1. Quem dera todos os pastores agissem um pouco assim... mas não se engane, deve ter alguma jogada por trás, sou muito desconfiada nessas coisas, sempre acho que esse povo não dá ponto sem nó...

    ResponderExcluir
  2. Campanha política eu já sei que não é, na mesma entrevista ele disse que não se candidataria nem a assistente de carimbador de vereador.

    ResponderExcluir